terça-feira, 16 de março de 2010

Primeiras palavras

Certa vez ouvi do jornalista Juvenal Portela a seguinte frase: “todo repórter é jornalista, mas nem todo jornalista é repórter”. Desde então, passei a usá-la como se fosse minha, tanto nas redações de rádio e televisão em que trabalhei como repórter, redatora e editora, quanto nas aulas que ministrei durante 30 anos no curso de Jornalismo, do Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense. Afinal, o (a) repórter acompanha o pulsar dos acontecimentos, no momento da ação. É “testemunha ocular da história”, como dizia o slogan do velho Repórter Esso. É ele (a) quem vivencia e descreve o cotidiano dos que são notícia, não importa a que categoria social seus personagens pertencem. É ele (a), que na neutralidade que lhe é exigida, expõe sua parcialidade na seleção das palavras escritas, na ênfase das frases ditas, na expressão de seu olhar.
Foi como repórter que conheci o Brasil de norte a sul, especialmente depois que passei a atuar no jornalismo científico. Em minhas andanças, constatei que o Brasil não se resume ao eixo Rio-São Paulo, com variantes para Belo Horizonte e Brasília. Conheci diferentes brasis e brasileiros que ainda hoje me fazem acreditar que é possível viver a utopia de uma sociedade melhor. Eles pouco ocupam os espaços dos jornais, das televisões e dos noticiários radiofônicos. São pessoas que fogem a padrões sensacionalistas na maneira de viver e de se comportar. Acreditam que a dignidade do ser humano está no trabalho honesto, seja ele simples e rudimentar, ou complexo e sofisticado.
É especialmente sobre esses brasileiros que quero escrever neste blog, embora não exclusivamente. Há espaço para outros assuntos que me despertaram e ainda despertam meu interesse.
Optei por um blog porque nele posso escrever o tanto que quiser, sem me preocupar com um determinado número de páginas. Hoje escrevo algumas linhas, amanhã, outras tantas e por aí vai. Também não preciso começar com "era uma vez" nem seguir uma cronologia. Os escritos virão na medida das lembranças que guardo e de anotações que fiz e que estão espalhadas em pastas desorganizadas.
Espero ter alguns leitores e críticos. Que dentre eles estejam futuros jornalistas que hoje estão nas salas de aula das muitas faculdades espalhadas por aí, embora o diploma não seja mais exigência para o exercício da profissão. Mas voltará a ser em breve, espero. Espero, também, que um dia esses estudantes possam viver a instigante profissão de repórter que me levou a andar por aí.

2 comentários:

  1. Oi Tia! Parabéns pelo blog! Boas histórias não lhe faltam! E com certeza vai ser muito bem frenquentado! Beijos do seu sobrinho querido! Rodrigo!

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  2. Ola. Parabéns pelo seu primeiro post. Que venham muitos e muitos mais. Que este blog seja uma fonte de inspiração, informação e visão.
    Até o próximo post.
    beijos

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