quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Segredos da propaganda anticomunista



A noite de 09 de fevereiro de 2011, na livraria Argumento, no Leblon (RJ) foi uma noite de encontro de amigos e de amigos de amigos de Geraldo Cantarino, um amigo de longa data, daqueles que a gente guarda no coração por toda uma vida. Lá estavam ex-professoras do tempo da escola primária (para mim, as pessoas mais importantes na formação de nosso filhos), amigos de infância, do tempo de faculdade e das várias fases da sua vida profissional. Geraldo estava lançando seu terceiro livro: Segredos da propaganda anticomunista, editado pela Mauad. Veio de Londres, onde trabalha e mora com sua família, especialmente para esse evento, sempre importante para um autor.
Jornalista, escritor e fotógrafo, Geraldo Cantarino escreve com clareza e objetividade, o que, aliás, se espera de todo jornalista, e com o mesmo estilo que marcam seus outros dois livros: A revolução para inglês ver e Uma ilha chamada Brasil (meu favorito, até então).
Segredos da propaganda anticomunista exibe, pela primeira vez, documentos diplomáticos britânicos sobre as atividades de propaganda anticomunista realizadas no Brasil pelo IRD (Information Research Department ou Departamento de Pesquisa de Informações). Estabelecido em 1948 e fechado em 1977, o IRD foi uma unidade secreta do governo do Reino Unido com a missão de combater a propaganda soviética e a influência do comunismo, principalmente, em países do Terceiro Mundo, durante a Guerra Fria.
Geraldo pesquisou durante três anos os arquivos a respeito, no The National Archives, que corresponde ao nosso Arquivo Nacional. Durante esse período, consultou mais de 50 pastas com centenas de documentos diplomáticos, relatórios secretos e correspondências confidenciais trocadas entre a Embaixada Britânica no Rio de Janeiro e o Foreign Office (Ministério das Relações Exteriores britânico), em Londres, sobre a atuação do IRD no Brasil, no tocante à propaganda anticomunista no período de 1948 ao início da década de 1970.
Tudo indica que até agora, não havia sido publicado, no Brasil, livro que mostrasse detalhes sobre as atividades do IRD no País. Geraldo Cantarino é autor, portanto, de um trabalho inédito, que mostra como o IRD operou, secretamente, no Brasil, por mais de duas décadas.
Com Segredos da propaganda anticomunista, Geraldo não tem a pretensão de ser historiador. Seu livro é o que se poderia chamar de livro-documento (ou será livro-documentário?) que poucos jornalistas experimentam. Ele espera (e eu torço por isso) que seu livro venha a contribuir para a compreensão de um momento específico da História e sirva de ponto de partida para análises e pesquisas futuras.
Tomara que Segredos da propaganda anticomunista seja lido por estudantes de jornalismo, para que aprendam um pouco mais sobre esse gênero jornalístico e sobre alguns pormenores das “batalhas” travadas durante a Guerra Fria.